domingo, 28 de agosto de 2016

Trouxa

A verdade é que nunca foi seu.
Havia espaço nela. E somente nela. Mas o espaço ocupado nela era indesejado por todos. Não era pra você estar ali. Atrapalhava, pesava a bad, era chato, incômodo. Mas nada poderia ser feito. Ela queria que você estivesse. Pobre dela.

A pressão, entretanto, transborda. Ela ainda não sentia, ela sentia e interpretava de outra forma. Ela transparecia sem compreender, mas não vinha dela. Ela só queria que você estivesse ali. Mas não era pra você estar ali.

Você começou a perceber, afinal pra que mais servem os sentidos? Tentou reagir, lutou, mas o sopro ventava nela. Eles perceberam. Vendaval. Ela era forte mas o fôlego vai se acabando assim como as estruturas de sustentação.

Há quem tivera coragem. Dançou com o vento pra depois construir barragem. Vento é forte, mas quem abala carne, osso e ferro? Em parede forte se pendura o que quer, inclusive ar condicionado.

Ouviram-se os aplausos. Pelos buraquinhos ainda passava a brisa, mas a fumaça leva pra longe qualquer cheiro ou possibilidade de se respirar sem peso.

"Você tem outras amizades, outros rolês"

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Zaz

Traumas
Traumas
As coisas crescem
Começa assim
Tá apressadinha demais
As coisas crescem
E começa assim
Olha o presente
Olha o agora
Deixa o depois pra depois
Mas as coisas crescem
E começa assim
Memórias

Além do por do sol

Deixar ir é também um jeito de amar
Vai quem é de vôo
Mas a dor que fica é de lascar

domingo, 21 de agosto de 2016

Corra

Corra
Contra o céu
Contra o espaço
Contra o tempo
Contra o cansaço
Contra as vontades que insistem em te rodear

Corra
Contra a chuva
Corra rápido
Pela vida
Corra sempre
Corra e escorra
No luar

Corra contra esses tais pensamentos
Contra os alertas violentos
Contra o peso dos momentos    sós

Corra
Contra o vento
Contra a brisa
Simplesmente se mantenha correndo
Não pare
Não há lugar

Do tudo ao nada

É claro que vejo.
É claro o que vejo.
Achas mesmo que não sei?!
Ainda fico nessa estúpida tolice de prestar a atenção em (quase tudo), sofrer com (boa) parte do que experiencio, te amar por tudo, te odiar por tudo.
Achas mesmo que não sinto?!
É sério isso?
Limbo, corda bamba, não saber (ainda que fazendo). Tudo ainda sinto. Tudo ainda dói. Tudo ainda quero. De (quase) tudo ainda sei.
Eu só queria que aleatória ou casualmente a gente pudesse se comunicar. Pelo menos por uns instantes. Estou cansada dos papéis que escrevestes para mim. Exausta dos que escrevi. Tentando (re)escrever, (re)significar...
E só pra que se faça registro:
Eu só não sei sobre o que me é completamente velado. Mas eu só não sinto o que definitivamente não conheço, sobre o que não sei nem vestígios. Não se iluda, querida. Eu ainda te amo.

Desmim

Estou tão cansada de achar que tudo que eu escolho é uma merda.
Tudo que eu faço é uma desgraça e o que vem de mim não vale nada.
Você se apaixona pelo que? Te objetifico, sou grossa, autoritária, intolerante. O resto, do chorume, do lixo que eu mesma produzi.
Eu to cansada de não saber onde me apoiar, por que me sinto um peso ou por não saber onde firmar.
Finamente! Decidi o que eu quero, mas o que eu quero não condiz com a realidade, não serve pra nada ou não traz a minha verdade.
Eu to cansada de me sentir excesso, excessão ou de pisarem em ovos em minha presença. E eu sei que é também responsabilidade minha que to constantemente tensa.
Olha só, tomei outra decisão: to deixando partir um pedaço do meu coração.
Por quem você se apaixona? Pelos meus beijos gostosos? Pela aparência agradável? Pela imagem de segurança e poder? Pelas cores que eu pinto em você? Vou te contar então pra tu não se iludir: é tudo mentira! Grossa, estúpida, impaciente, intolerante, burra, chata, impotente e infeliz. É isso que habita nesse corpo que tu quis. E não adianta tentar que não muda de astrologia à academia tá comprovado: não presto. Não sirvo. Melhor deixar de lado.

Eu não sei mais o que eu to fazendo aqui. Se não fosse essa bosta de amor já tinha ido. Essa dívida maldita que me segura nesse mundo... Porra, se tivesse outro jeito de pagar... Porra, se pudesse não me preocupar em estar devendo...

Nem pra rimar eu presto.

Que saudade do mar de Vitória...

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Li e aceitei

Aham


































Boto fé.























Concordo planamente com tudo o que você disse. Deve ser paia mesmo.












Mas entra aqui nessa gavetinha.

Que eu te tiro dela.

Quando for melhor pra você.

terça-feira, 9 de agosto de 2016

Exposição

Você não faz ideia, cara. Eu to falando é daquela saudade que dá de reunir uma caralhada de gente aqui em casa pra gente rir. A gente brinca, joga, canta, dança, sabe aquele rolê tranquilo? Felizão.
Mas e o medo? E esse medo de gente? E esse desespero que me impede de chamar, de reunir, de tentar, de me envolver nesse role que eu amo tanto e não consigo. Não cara, vc não sabe o que é lidar com essa carência, e esse medo desgraçado da vivência, e essa angústia que retira dos melhores momentos, a inocência. Eu quero vc aqui mas me esforço 100% pra não te expulsar quando vc chega e adentra a esse nosso lar que sim é seu, mas não consigo mais lidar. Você entra nessa porta e a vontade é te expulsar. Não é fácil,caralho, lidar com esse sofrimento. Por algum tempo é bom depois começa o tormento. Desconforto, irritação, tudo fora do lugar. Alguns ficam mais tempo outros menos, assim não da. É paia demais, esse deslocamento, medo de grupo, de viagem, "coletivo" é tormento. Vocês acham que me protegem  saindo do lugar, mas não faz a menor diferença, a escolha já foi feita, a seleção já é sentença, eu sei. Eu não sou é nada fácil, eu me odeio, também não me agüento mas esforço pra caralho, desculpa! Não queria mas to aqui, tentando aguentar, tentando me divertir e te fazer rir. Esse é o único prazer. Eu sei que ceis evitam alguns manos de morrer, eu não consigo. To no passo da formiguinha. Se a carência deixasse eu me mantinha era na minha, mas não dá. Por mais um tempo eu to aqui. Logo me despeço e esse peso vai sumir.