sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Sim

Eu não sei você, mas eu às vezes tenho a sensação de que estou perdendo coisas. Muitas.
Coisas possíveis. Não estou falando de sair por aí gastando rios de dinheiro que não tenho
ou de criar asas e sair voando feito pássaro. São coisas realmente possíveis. Recuso convites,
não vou a eventos, não danço naquele momento, não grito, não choro, não me calo, não falo, não brigo,
não paro de brigar, não viajo, não corro, não atuo, não procrastino, não faço, não tento, não deixo de
tentar, não procuro, não, não, não, não, não e não... Parece que vivo numa gaiola de nãos. E não era isso
que havia planejado... Não parecia ser a esse ponto o lugar onde eu queria (e quero, as vezes acho) chegar.
Pra onde foram os riscos que estava certa de que iria correr?
Pra onde foram as pernas que me fariam correr os riscos certos?
Pra onde foram as certezas que riscavam minhas pernas enquanto corria?
Que riscos correm as certezas presas onde minhas pernas parecem não encontrar um onde?

Eu não sei exatamente o que me impede.
As vezes acho que sei, mas parece que não.
O mundo é mesmo hostil e olhar para ele e não tentar mudar essa hostilidade parece tão errado.
Mas parece tão errado também querer descansar ou simplesmente ignorar, nem que seja só por um dia, toda esta hostilidade.
Parece profano, maldito, pecaminoso, proibido, sujo, vergonhoso, individualista, fedido... olhar pra dentro. E essa sensação, pode ter certeza, não vem só de dentro.
Pressão
pressão
PrEsSãO
pressãO
PRESSÃO
  .
  .
  .

Cansa ter se empolgado uma vez.
Cansa ter conseguido uma vez.
Cansa ter estado uma vez.
Cansa ter atendido a expectativas uma vez.
Cansa ter sido [uma vez].

sábado, 22 de fevereiro de 2014

brinde à ventania

E mais uma vez, ela! Não, não sorria. Leia com seriedade, a não ser que esteja usando drogas e ou chorando. No mais, seriedade. Voltemos a ela. Por vezes parece ser impossível escapar. Mudam os cabelos, as intensidades e direções dos sorrisos, a suavidade dos gestos, a tonalidade das roupas... Lá está ela. Impregnada como a acinzentada poeira do asfalto. Não é algo que eu procure mas é sempre para onde olho. Sempre pelo que me apaixono. E pelo que me apaixono sempre. E pelo que me apaixono com constância. E motivo frequente de minha paixão. Me persegue como se eu fosse sua. Como se fosse sua me persegue. Danço, sorrio, bebo, canto, converso, brinco... E (ou seria mas?) lá está ela. Me suga, me suga, me suga, me carrega pra perto de si, me suga, me consome, me consome, me seduz. Radiohead, olhares, preto, flores,lágrimas,batons vermelhos, cicatrizes,romances,sangue... A angústia... É como se ela precisasse do meu brilho pra esconder-se na dificuldade daquele que me vê em enxergá-la. Prepotente? Arrogante? Caso estivesse exaltando a habilidade de iluminar (e ofuscar) sim. Mas não. Talvez seja apenas uma tentativa de compreensão. Um pedido de socorro, quem sabe. Ou uma ode.

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Sobre comentários

Ler comentários em vídeos, textos e qualquer postagem que brote na internet é tarefa para bravxs guerreirxs! Se você não é homofóbicx, sexista, racista ou preonceituosx de qualquer forma ou se vc tem um mínimo de bom senso sabe do que eu estou falando, tem que ter muita coragem, persistência, sangue frio, coração resistente à infartos... enfim, acho que já entenderam! Minha intensão com esse post é explicar (ou pelo menos tentar) parte do porque eu não desisto de ler os comentários em posts. Vou dar apenas um exemplo, mas  acho que é suficiente.

Publicação: http://cintiacosta.com/2011/02/16/o-que-os-homens-nao-entendem-sobre-cantadas/

Comentário 1:
Mas vale lembrar de uma regra… só vale essa opinião se o cara for feio e pobre… se for o Caio Castro pode cantar, encoxar, passar a mão na perna
Comentário 2:
Qualquer um uma ova!
Cansei de ver postagens no facebook de mulheres dizendo que se fosse um galã elas que adorariam serem assediadas. Umas até disseram que pediriam o número do celular para ligar pra o sujeito depois, outras disseram que era mais capaz de ela estuprar o cara e não o contrário, entre outras.

Comentário 2.1 ("continuação" do 2):
Essas se chamam “vagabundas”.

Comentário que me motiva a continuar: 
Sobre essa distinção “Cantada do João do bar” X “Cantada do Cauã Reymond”:
Sim, faz diferença. E eu não acho que essa diferença seja motivo pra negar o argumento do post.
Quando uma pessoa que te atrai (estou falando tanto de meninos chegando em meninas quanto de meninas chegando em meninos, sim, isso acontece) chega em você na night, no barzinho, no ônibus, onde quer que seja, não é uma situação legal? Claro que é, dur.
Ao mesmo tempo, quando uma pessoa que NÃO te atrai chega em você, não é chato? Ok, vão ter aqueles que sentem prazer em dar toco, e vão ter aqueles que gostam quando alguém chega mesmo que não tenha interesse pelo narcisismo.
Agora entendam, estamos falando de uma sutileza, e portanto, é difícil se fazer entender. A sutileza que negativiza essas abordagens de rua, das quais tanto reclamamos, está em um quê de invasivo. Imagine você – homem ou mulher. A autora do post deixou escapar um fato gravíssimo: estupro de homens ACONTECE, e muito, é muito grave e não tem nada a ver com homossexualidade, muito pelo contrário, tem mais a ver com heterossexualidade, mas voltemos à nossa questão… – andando pela rua, pensando na brincadeira que fará com o seu filho mais tarde, ou no paciente que acabou de atender, ou no seu almoço, ou no seu atual conflito amoroso, quando de repente, BUM, encontra um olhar de um estranho na rua te mostrando ali, no meio de todo mundo, o desejo de penetrar você. Ok, podemos pegar mais leve, pode ser um simples “Linda”, e aí? E aí que foda-se se o cara me achou linda, eu sei que é um elogio, fico lisonjeada em parecer linda para alguém, mas não se começa uma comunicação assim. Estando num local de flerte (i.e. balada), beleza. Mas andando na rua entre um compromisso e outro? Isso é situação para “Bom dia”.
“E se o cara for bonito?”. Aproveitarei o anonimato para ser bem sincera com vocês: Ficarei bem feliz. Agora quem nunca teve um relacionamento com uma pessoa linda, MAS que era….. Significa que quando escolhemos com quem nos relacionar, pesamos vários fatores. E se um cara que me atrai me der uma cantada na rua, eu vou ficar feliz pq ele me atrai, MAS continuarei considerando sua abordagem invasiva. A invasão já aconteceu, eu não dei abertura, não pensem que a abertura já está dada porque o cara é um deus. Talvez para uma ou outra menina (e não por ser “vagabunda” como a nossa colega machista e preconceituosa disse ali em cima), mas isso não é dado, cada mulher é uma pessoa, com suas singularidades, e não uma buceta à procura de uma pica de um homem lindo.
Então não, não fica legal para o Caio Castro sair por aí assediando as mulheres porque como ele é o Caio Castro todas tem que querer dar pra ele (porque foi isso o que vocês disseram, olha como colocando assim parece absurdo).
Gente, é tão simples… É uma simples invasão, para umas mulheres vai ser muito grave (imagina se essa que você chamou de “gostosa” já sofreu um estupro e o seu comentário a faz reviver a violência? Eu diria que ela deve ter deixado de sair de casa), para outras nem tanto, e para outras, SIM, vai ser bom! E o quê então que torna a cantada de rua desapropriada? O fato de vocês não tomarem o cuidado de saber como que vai ser para aquela mulher específica. Então ela vira um corpo, e não mais um ser humano com suas singularidades a serem levadas em consideração.
Então… calem a boca! Sejam gentis.


Já tá bom, né?! Beijos ;**


domingo, 9 de fevereiro de 2014

Problemas temporais do séc XXI

Sonhou que o tempo não existia, idealizou amor, olhou o whatsapp (plantou esperança) e nada fez. Acordou tarde, pensando no que veria, olhou o whatsapp e nada viu, apenas o tempo gigante entre o nada fazer e a espectativa. Tentou não (se) explodir. Tentou não atirar estilhaços. Escreveu. Escreveu. Postou. E o pavio continuou aceso.