sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Transferência aversiva

-Mamãe, o que é se apaixonar?
-É quando você sente coisas por outra pessoa que não consegue explicar, meu bem, como eu e seu pai.
-Hmm, mas como é mamãe, o que se sente?
-Ah, quando alguém está apaixonado, o coração dispara, as pernas tremem, a respiração fica ofegante, é uma sensação... ah, não dá pra explicar...
-Hmm, coração dispara, pernas tremem, respiração ofegante... Tá bem.

Naquele dia, ao voltar da escola Sam sofreu um assalto. Apaixonou-se perdidamente por seu assaltante.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Procrastinação

Lembrei! Lembrei o que queria dizer pra você!
Mas agora já passou do tempo, não faz mas sentido.
Não tem mais clima.
Deixa pra lá.

Lembrei do que vi aquele dia!
Mas... já foi né...
Se eu vir de novo te mostro.
Ou deixa quieto.

Sabe aquele dia em que você estava se sentindo horrível?
Aqueele, em que disse que seu cabelo não estava prestando?
No dia em que nasceu uma espin...
Não?
É que naquele dia você, na verdade tava lind@.
Dormiu chorando?
Desculpa, da próxima vez eu não deixo passar.

Na próxima eu anoto
Da próxima vez eu digo
Não vou deixar passar
Esse foi o último que perdi
Amanhã mesmo eu faço


Amanhã mesmo eu vivo

Juro que não vou esquecer

sábado, 19 de janeiro de 2013

Às cegas

            Sinto um movimento suave no colchão. Lá fora os pássaros já competem com os sons dos automóveis que começam a produzir seus ruídos com certa continuidade. O cheiro, ainda um pouco indefinido pra mim, uma mistura doce de suor, terra e asfalto molhados da chuva de ontem, as flores da janela e sabonete. É possível perceber que o sol desponta seus –não tão primeiros- raios, aqueles que nos alertam sobre a manhã, mas que são facilmente ignorados. Meus olhos permanecem cerrados.
Continuo sentindo um movimento no colchão, um calor se aproxima. Meu corpo, imóvel, sente-se carinhosamente tocado por outro corpo. Um instante, e sua vagina encosta-se em meu umbigo, suas pernas, abraçando meus quadris e cochas, encaixe perfeito. Um contorcionismo leve e confortável que eu não desempenharia com tamanha destreza.
Seus braços malabaristas começam a explorar meu corpo. A vivacidade de suas mãos macias a me aquecer. Acaricia meu cabelo, aproxima-se dele e o cheira como quem cheira um frasco de seu perfume predileto. Puxa uma mecha a fim de deixar livre meu pescoço e o cheira. Docemente suas mãos soltam meu cabelo e começam a dançar por meu rosto.
Sente a aspereza da minha testa, cheia de espinhas que não partiram com a adolescência, e por causa delas dá uma risadinha discreta e maliciosa que ao perceber, minha alma se colore. Toca minhas orelhas, colhendo de meu semblante contente um risinho bobo. Com seus lábios, beija de levinho minhas bochechas, as quais sinto corar. Encosta com seu nariz em meus olhos, aquecendo com sua respiração tranquila, minhas pálpebras. Emoldura meu nariz com as pontas de seus dedos e aproxima sua orelha de minha boca, pedindo silenciosamente “aquela” mordidinha que nós conhecemos bem.
É claro que obedeço a seus comandos, já começando a mover- ainda de olhos fechados- meu corpo em direção ao seu. Mas não, ela me empurra, prende na cama, e sem reação, me entrego à sua vontade. Estática, sinto suas mãos deslizando sobre meu corpo, que arrepia de prazer. Ela toca meus ombros, desliza suas mãos até meus seios e os segura firmemente por um tempo e em seguida brinca, com as pontas dos dedos, executando movimentos desordenados. Descendo suas mãos, movimenta-as em direção à costela e barriga, repetidas vezes, encobrindo com seu calor cada milímetro da minha pele. Sensação deliciosa!
Ela se diverte me descobre, me conhece, sente cada detalhe do meu corpo, perfeições e imperfeições. Me mordisca, belisca, cheira, ouve, dá pequenas lambidas, aperta, bate... Como uma criança que acaba de ganhar um brinquedo que ainda desconhece o funcionamento, ainda que sem vê-lo.
Quando enfim aquietou-se, tocando delicadamente meus pés, parou por um tempo, criando um clima misterioso. Provavelmente seu rosto voltado para o meu, aguardando por uma única e simples reação que sentiria rapidamente por meios que talvez eu nunca venha a conhecer. Mas eu não ousaria abrir os olhos. Deixei-me sentir.
Uma paz e harmonia tão grandes que já não se ouve mais nada além de nossas respirações, ou às vezes, o pulsar de nossos corações. Conectadas a ponto de sentir meu corpo, cada átomo desejando desesperadamente estar em contato com o seu.
Como uma serpente, começa a arrastar-se por meu corpo, subindo calmamente até encaixar-se em meu colo. Deita em meu peito, enlaça suas pernas nas minhas, seus braços nos meus e ali, nossos corpos perfeitamente compatíveis, entrelaçados, repousam.
“Eu amo você”, sussurrei.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Tô bem

Calma, calma, eu tô bem.
Sim, talvez eu precise de um ou uma psicólog@ pra por meus pensamentos no lugar, mas eu tô bem.
Talvez eu só precise de uns porres a mais ou de parar de vez com eles. Sei lá. Mas eu tô bem.
Parem de se culpar. Parem de procurar. Parem de se defender.
Já me disseram que meu jeito fere, eu já mudei, agora, e como sempre, quem vai aguentar as implosões é quem as contém: eu. Não se preocupem.
Não adianta, quanto mais caçarem, mais fundo vão entrar em meu labirinto e quanto mais andarem, mais vão se perder, aproximando-se somente da entrada.
Não dá pra enxergar minha alma. Não dá pra ler meus pensamentos e muito menos, interpretá-los. E não adianta também.
No fundo é tudo especulação.
As aparências já os contentam, contentem-se, pois.
Os amo, não se preocupem.
Não vou muito longe também.
Nada que é humanamente alcançável é longe demais pra mim, e eu não tenho como meta de vida ultrapassar ou sequer me aproximar dessa barreira.
Os sorrisos permanecerão, lágrimas cairão, algumas poucas. Nada que não passe.
Não dá pra descrever o indescritível, amores. Toquem em minha pele, não vão sentir.
Ouçam com meus ouvidos, interpretem com meu cérebro. Vejam o vapor que sai dos meus pensamentos. Lembrem-se do que eu lembro.

Esqueçam-se, como me esqueço.

Ou simplesmente engulam e satisfaçam-se com "tá tudo bem".

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Só saudade mesmo


Oi. Tudo bem? Feliz ano novo!
Então, espero realmente que esteja bem. Que sua voz ainda esteja tão eufórica e seus olhos tão brilhantes como da última vez que eu os apreciei. Ainda que não seja outro alguém que esteja causando isso, que seja por você.
Mas se tiver outro alguém fico muito contente. Que esteja te fazendo feliz!
Então, disse que não ia mais olhar suas fotos, até apaguei do pc. Para o ano novo fiz mil promessas de novas atitudes, de novos sentimentos e blá blá blá. Foi bom você ter me ajudado excluindo o face e sinto que você não lê mais meus tuites e tal... Mas sua mãe ainda está nas redes sociais e bem... sabe como é né, difícil não dar uma olhadinha de vez em quando... Mas juro que não faço com frequência. 
Mas é que parece que nesse caso a frequência e a intensidade são inversamente proporcionais. Acho que você entende o que eu quero dizer não é mesmo?!
Talvez você entenda melhor quando eu disser que minhas mãos, frias, se aquecem só de ver as suas e lembrar do calor, da forma e da maciez que elas têm. É que olhar para seus cabelos, nas fotos mesmo, já faz vir a tona o cheiro, a textura... ah, deixa pra lá.
Eu sei que você não gosta de ficar tocando nesse assunto. Não sei como são suas lembranças sobre ele... Me desculpe, não vou mais nos expor assim.
Mas sinto saudades.
Talvez não sentisse tanta se você me desse um pouquinho mais de atenção. Mas eu sei, não precisa explicar, você é assim. Some, raramente liga, mensagem então... Mas eu sei que você se importa, que ainda lembra.
Até porque eu sei que aquilo que você me disse após eu ajudar a mulher com o carrinho de bebê foi bem sincero. Foi difícil pra você e foi algo raro de acontecer.
Tá tudo bem, não vou te cobrar.
Só bateu saudade. A nossa união foi algo... digamos... único na minha vida. Não sei se vai acontecer de novo. De qualquer jeito vou continuar guardando comigo as memórias. No dia em que você quiser, esquecemos juntas.
Obrigada por tudo.
Amo você.