quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Muito além de uma verborragia taciturna


Perdoe-me quando falo baixo demais.
Perdoe-me quando falo alto demais.
Perdoe-me por ser demasiadamente objetiva.
Perdoe-me por tamanha subjetividade.
Perdoe-me por gesticular demais.
Perdoe-me por manter-me imóvel.
Perdoe minha falta de eufemismo.
Perdoe-me o uso de tantas figuras de linguagem.
Perdoe-me quando falo muito.
Perdoe-me quando me calo.
Perdoe-me se gaguejo.
Perdoe-me se falo como quem entoa uma canção.
Perdoe-me  meu  linguajar rigidamente gramático.
Me perdoe se a linguística é  quem comanda meu discurso.
Perdoe-me se os sons que emito ou deixo de emitir são insuficientes.
Mas meu corpo é insuficiente.
Meus adornos são insuficientes.
Não sei desenhar.
Atrofiei-me, na verdade, em qualquer arte.
Minha mente não cabe mais em mim, não há espaço suficiente.
E se em mim não me encontro, com hei de me expressar?


terça-feira, 13 de novembro de 2012

MOVE!

Omundogiraatodotemposeumovimentoé   rápido! ATerratranslarotagirandootempotodonummovimento brusco! Éprecisoforçacoragemeatitudeparamanter-sedepé. Pule! Talvezassimvocênãocaiamasháváriosmeios: Dance! Édivertidoeexigeequilibrioharmonize-secomodevirterrestre... Corra! Sigapeladireçãocontráriacontrolesuavelocidade... Role! Semenrolaçãogirecomoumacriançaedivirta-seenquantoofaz... Engantinhe! Procuresuasegurançafaçacomoqueiramasse cair nãopercanemumsegundosacudaapoeirae levante-se! Avidaéricademaisemmovimentospravocêficaraíparado.

domingo, 11 de novembro de 2012

Fim.

É que quando é o fim, não adianta enrolar, inventar desculpas, tentar justificar, fingir, fazer teatro...


Levanta a cabeça e segue em frente.


Mas não tenha grandes ideias.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Manual da boa conservação do calçado tão sonhado

Veja o calçado.
Sonhe com o calçado.
Pense no calçado.
Deseje muito o calçado.
Trabalhe arduamente para conseguir adquirí-lo.
Adquira-o.
Calçe-o.
Certifique-se de que os cadarços estão bem distribuídos, caso já estejam distribuídos.
Observe a nova conquista e como ela se encaixa perfeitamente em seus pés.
Observe que o encaixe é sinestésico.
Dê a eles os nós apropriados.
Mantenha - o sempre em bom estado de conservação.


Ainda que se desgaste, observe bem os nós.

Desmanche os nós antes de retirá-lo. Sempre.

Desate os nós antes de descalçar-se. Sempre.

Desamarre os nós antes de afastá-lo de seu corpo. Sempre.

E ainda que a intenção/ação não seja de mantê-lo, longe de si. Nunca deixe de observar se há nós ou se há laços.

Se houverem nós, desfaça-os. Se houverem laços, cuide de sua manutenção. Sempre. E inovação. Sempre que necessário.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Mais nós


Entrei sem querer no labirinto da insegurança
Quase abraçou-me o monstro do temor
Mas você veio depressa e com as asas de Ícaro, me tirou de lá
Pousou, felizmente antes de alcançar o sol
E este, nos servirá de guia
Para que em tua companhia
Eu só me perca na imensidão de nossa incompletude
E dela me preencherei
E por causa dela, sempre irei querer mais
E mais
E mais
Mais você
Mais nós

domingo, 4 de novembro de 2012

Essa pequena semente de vida

Acredito porque ainda posso ver
Acredito pois ainda posso sentir
Pois ainda posso vivenciar
E não são feridas que me farão desacreditar.
Acredito porque é simples e complexo
Bonito e muito feio
É paciente e ansioso
É teimoso e obediente
É forte, impositivo
Tímido e destemido
É bravo e suavemente grita alto
Acredito simplesmente por acreditar
porque não há outro sentido na vida que não praticar
Acredito porque tem várias formas, cheiros, cores e sabores
E ainda que não seja possível vivenciar todas elas
Acredito porque não tem fim
Acredito porque tenho provas
Acredito mesmo não as tendo
E não me importa o que disserem
Não me importa a definição 
Não me importa o quanto quiserem me fazer desistir
Acredito porque acredito
E vivo porque acredito
E me movo porque acredito
E não vou parar de acreditar

E esqueça tudo o que eu escrevi acima
considerando cada parte.

Eu acredito no amor.