sábado, 30 de novembro de 2013

Ela

Não é conversa de quem está apaixonada
Não é carona de beira de estrada
É o mundo que me apresenta
No meio de tanta hostilidade e tormenta
Uma luz pra ofuscar a escuridão

Não, não é não
Não é distorção fisiológica
Nem  vício em quebrar a lógica
É pureza que se sente pelo cheiro
É amor, que se impõe primeiro

Sim, pode ser distorção
Que o que se descreve são palavras
Palavras são tão incompletas, coitadas
Que falam tudo sobre
E não expressão metade de nada

Não há metafísica que explique
Insista em magia ou não
Não há periódico que publique
O tamanho nessa pequena
De sua vasta imensidão

E é intensa e é doce e sorri e é amável e é cheirosa e é forte e é brava e é nobre e é bela e sabe e é persistente e é viva e encanta e é surpreendente e sente e vicia e enlouquece e atormenta e é macia e é quente e é incrível e é confiável e é acolhedora e é errada (por estar sempre certa) e é verdadeira e dança e é brilhante e é única e flutua e se prende ao chão e é gostosa e é necessária e falta e é teimosa e  chora e é discreta e é escandalosa e enlaça e apaixona e se entrega e se doa e mete medo e é sempre e é muito e se faz respeitar e se faz amar e amar e amar e amar sem ter fim e é tanto e é tanta e é pedaço inteiro de mim.

E não há nada que a possa descrever.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Pro blog ficar ainda mais feio (ou pra não quebrar o silêncio)

Às vezes eu realmente acho que tudo vai se desmoronar por minha culpa. Pelo excesso de sobriedade que carrego. É difícil, sabe?! É realmente difícil pra mim construir castelos de algodão quando o material que tenho nas mãos é concreto. Não é que eu não saiba ou não consiga galopar por aí em costas de unicórnios ou conversar com pessoas mortas que mudam vidas de pessoas vivas. É que permeia aí uma dose de realidade. E eu não sei exatamente o que é isso, nem gosto de usar essa palavra, ela realmente não representa o que eu quero explicar, mas como um lugar comum ela serve bem. Enfim, essa dose dessa coisa pressiona, essa dose desce rasgando mais que tequila, ardendo mais que chamas e ainda que faça parte dela própria ser transformada, é um processo que se faz sendo agredido, sendo tocada por ela, vivendo ela. É inevitável. A não ser que se tenha acúmulos daquilo que ela tem de pior.
Por vezes me engasgo mesmo com ela, me afogo. E sou péssima nadadora. Demoro bastante para voltar à beira da praia. Mas volto. Meu temor é exatamente em relação ao tempo. Não sei quanto tempo um bom nadador (que precisa SE salvar antes de ajudar a outra) aguenta esperar pela ineficiência da outra. Não sei por quanto tempo uma boa sonhadora espera pela elaboração fluida de um sonho construído no concreto. Não sei por quanto tempo se aguenta alguém tão aprisionado no vício pela coisa cinza, dura e áspera. Não sei por quanto tempo ignorar-se-á que o que aquela outra pessoa tem a oferecer é bem mais atrativo que esta. Não sei de nada. Só sei que tenho pressa, tenho que continuar,tenho que parar com esse bla bla bla, tenho que quebrar o silêncio, tenho que ir pra aula, porque já estou atrasada. 
Tenho rachaduras.

sábado, 9 de novembro de 2013

Vômito







Bichos me comem.
Mas nada é real, porque estou bêbada.
Ouço choro e gemido.
Mas nada é real, porque estou bêbada.
Inspiração finalmente chega!
Mas nada é real porque estou bêbada.
Rigor formal?
Nada é real, porque estou bêbada.
Consciência?
Não é real, pois eu estou Bêbada
Escrever (quase, talvez) corretamente?
Nada real pois estou bêbada.
Desejo?
Não é real, pois estou bêbada.
Amor?
Totalmente irreal.
Não dá pra confiar no que diz e faz quem está sob efeito de drogas.
Não dá pra pensar que talvez seja aquela a única maneira que (por enquanto, espero), ele consiga.
Não dá pra dizer que o vômito que ele aguentou e tentou engolir não seja prova.
Não dá pra se ser poético sem estar sóbrio.
Não dá pra se amar, com álcool.


Então vou acabar com minha dose de catuaba com coca. Fingir estar sóbria.
Fingir estar com raiva.
Fingir não desejar mais que respirar, estar com você.
Mijar.
Dormir.
Sonhar.

Quem sabe o... não venha. ( Não levando o amor.)

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Invasão

Invadi com vazio teu vazo fértil.
Dei vazão à vasta solidão.
Transbordei de nada e nada vazou.
E no vazio do meu nada teu tudo se abrigou.
Mas temo que não suportes o excesso de nada que escorre e queima e petrifica como lava.

Lave a alma.
Leve a calma.
Vaze.