domingo, 23 de junho de 2013

Sobre desejos, traição e poliamor

Em "resposta" ao seguinte texto: http://paradalesbica.com.br/2013/06/desejos-3/?utm_source=twitterfeed&utm_medium=twitter

É interessante relacionar-se com quem não te reprime de realizar seus desejos. "Experimentar do mundo e ter um lar pra onde voltar". Se a experiência for acordada e houver igualdade, não há traição. Ninguém é dono de ninguém. A traição pode vir com a idéia de "propriedade" ou com a "quebra de contrato". A primeira maneira me deixa indignada quanto os motivos. Já a segunda, quem pratica me deixa extremamente indignada. Tipo assim, trair porque x outrx te trata como propriedade (ainda que inconscientemente) é paia, mas quando há um acordo entre ambxs e ainda assim há traição é MUITO PAIA. É difícil encontrar alguém que não seja ciumento e tenha “mente aberta” o suficiente pra se permitir e permitir ao outro ou à outra, ter novas experiências, mas não é impossível, e mesmo alguém que se julgue “ciumentx e/ou possessivx” pode mudar sua opinião através do contato com a situação.
Por exemplo: conheço um casal de lésbicas em que uma é monogâmica ciumenta(X) e a outra(Y) curte a idéia de poligamia, relacionamentos abertos e tal. Em uma festa, houve uma “barraca do beijo” e Y queria muito participar. Após um diálogo, entraram em acordo de que se uma pudesse, a outra também poderia “comprar e vender”seu beijo na barraquinha. E o fizeram. No fim da festa, ambas haviam beijado outras pessoas, mas continuaram seu namoro sem que a relação fosse prejudicada. Já vi situações semelhantes relacionadas a relações mais intensas do que o beijo também. Opiniões foram mudadas graças à novas experiências. E novas experiências do próprio casal, com ou sem outras pessoas podem uni-lo ainda mais.
Já vi também relacionamentos abertos acabarem por uma pessoa se apaixonar por outra com quem se envolveu “fora do namoro” e as namoradas acabaram terminando. Mas por incrível que Isso possa parecer, foi ótimo! Ambas (namoradas “originais”) pararam pra refletir que o relacionamento já não estava dando certo, e hoje mantém uma relação saudável.
Não é utopia. Ceder aos desejos de uma forma saudável e com acordo é libertador. Desejar x o outrx não quer dizer não desejar ou desejar menos seu par. Ninguém está livre de “ser tentadx”, mas ao mesmo tempo não se joga fora toda uma construção por uma aventura.  É preciso estabelecer confiança entre os participantes do “relacionamento original” antes de “abrir as asas”. Diálogos são fundamentais nesse aspecto.

Em outra perspectiva...


Essas experiências me fazer pensar também em relacionamentos  de poliamor (trios, quatro pessoas etc.) e em como eles parecem ser legais. Confesso que não conheço vivências próximas desse tipo, mas sei que existem e acredito muito em sua "eficácia". Há quem diga que é impossível desejar/amar/apaixona-se por mais de uma pessoa. Pra mim é simples pensar: vemos em filmes, documentários etc, culturas cujas "leis de relacionamento"são extremamente diferentes da nossa, em que um homem pode ter mais de uma esposa, uma mulher pode ter mais de um esposo (nunca vi essa "permissão" a homossexuais, mas estendo a elxs por conta própria), tribos em que todos podem se relacionar com todos  ( e não acho justo chamar isso de suruba, isso é orgia ou suruba pra nós que somos quase obrigados a viver relações monogâmicas e heteronormativas e sair desse padrão de uma forma um pouquinho mais aceitável socialmente consiste na realização de "surubas".)... Mas nem precisamos ir longe. Desejamos sim outras pessoas. Lembra daquele trio de amigos da escola em que os três eram extremamente parecidos e se pudessem, passariam o resto da vida juntos? Pois bem, de repente, você começa a namorar com um deles. O que te impediu de relacionar-se com o outro? A falta de qualidades necessárias (lembre-se, vocês eram MUITO parecidos) ou a necessidade de escolha imposta socialmente e construída desde que você era pequenininha?  Mais uma: Quantas vezes para se relacionar com uma pessoa você TEVE que esquecer a outra, usou de várias estratégias pra isso. No momento da "escolha", tem certeza de que se ficasse com as duas não seria mais prazeroso? Certeza que nunca desejou não ter que passar por todo aquele sacrifício do esquecimento para se entregar ao novo amor? Escolhemos. Não quer dizer que não desejamos. Quanto ao amor, não existem vários amores. Existem diferentes comportamentos de se expressar esse sentimento. Você ama sua mãe, seu pai, seu cachorro, sua namorada, seu celular novo (triste isso, mas outro dia discutimos sobre...), sua árvore, com o mesmo amor, tem medo de perdê-los da mesma forma e gosta do contato com eles do mesmo jeito. Mas obviamente se expressa de maneiras diferentes e em situações e intensidades diferentes. Sendo assim, o que te impede de amar duas ou mais pessoas ao mesmo tempo? Não é uma questão de sentir, é uma questão de escolha. Todos somos desejáveis, todos temos características "específicas" que queremos encontrar no outro e queremos que sejam encontradas em nós, assim como as que queremos descartar. Podemos sim encontrar duas ou mais pessoas cujas características nos atraia profundamente, e aí, como agir nessa hora?


Da carência

Há de haver quem perceba os meus olhares
Há de haver quem atue, dance e cante comigo
Há de haver quem me dê vertiginosos orgasmos
Há de haver quem me acompanhe em eventos vis
Há de haver quem me ouça mesmo quando me calo
Há de haver quem brinque comigo em minhas meninices
Há de haver quem saiba traduzir meu não travestido de sim
Há de haver quem comigo brigue quando eu passar dos limites
Há de haver quem saiba prestar a atenção nas músicas que posto
Há de haver quem saiba que meus tremores nem sempre são de frio
Há de haver quem aguente meu mau humor intenso em períodos vermelhos

Hão de ser muitos. Há de ser um.

Há de haver também a morte, destino de quem espera, de quem acredita, de quem é incrédulo, de quem se cansou, de quem persiste, de quem se comporta mais privada que publicamente, de quem deseja, de quem é desejado e principal mas não prioritariamente de quem declama poemas insanos clamando por atenção.

Há de haver (mais) dor.

E quem sabe um dia, há de haver intenso amor.

sábado, 8 de junho de 2013

Pra onde foi a magia?

ando me sentindo tão sem Pedro ultimamente

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Tô tão frenética hoje.
Histérica.
Rindo da minha inércia pecaminosa.
Rindo da minha inércia que tortura com requintes de crueldade minha consciência.
Rindo do meu sono amanhã.
Rindo.
E observando o desespero daqueles que se frustram
Daqueles que estão decepcionados
Daqueles que não seguem seus sonhos por barreiras familiares
Daqueles que não tem tempo, nem pra perder, nem pra aproveitar.
Rindo.
Rindo esse riso triste que rasga minhas vísceras de tão vazio.
Rindo.
Gastando meus músculos, ossos e articulações com nadas.
Gastando minhas vísceras com doses miseráveis de prazeres insignificantes.
Inércia.
De vez em quando saio da rotina e me alivio com o que me disseram ser bom.
De vez em quando saio da rotina e me alivio com o que eu acho que penso ser bom.
De vez em quando saio da rotina e me alivio com o que eu sinto ser bom.
E gozo.

E rio.

e foda-se