-Martin?
-Adele, oh, Adele!
-Quanta exaltação, o que houve?
-Tua voz, Adele. Aquece meu coração e destrói energicamente a
dor da saudade que sinto de ti.
-Como ousas falar-me sobre saudade, Martin?
-Porque o dizes?
-Passei todo o dia a pensar em você, a imaginar como estaria e
se havia deixado de me amar... Nem sequer ouvi o som de sua respiração, para
que assim eu pudesse saber se estava vivo. Como senti saudade, ah, como senti!
-Estive em casa durante todo o dia Adele. Enviei-lhe mensagem
de bom dia e...
- E nada mais! Sumiu sem deixar vestígios! Como ousas
deixar-me assim, na solidão?
-Adele, todos os dias questiono sobre seu estado, sobre suas
atividades, digo-lhe palavras doces, algumas vezes nem tanto, confesso. Mas a
procuro todos os dias, querida. O faço com indizível prazer! Não me acuses.
-O fazes sempre, é verdade, mas não o fez hoje. Até respondi
tua mensagem de bom dia!
- E depois, amada minha?
- Como assim, depois?
- Que continuidade deu ao diálogo? Interessou-se em saber
como eu estava ou sequer o que eu estava fazendo?
-Não, mas imaginei que estivesse com ocupado ou com raiva de
mim...
-Adele, o sol já está se retirando. Estaria eu ocupado
durante todo este tempo?
-Pois poderia estar com raiva ou qualquer outro sentimento
ruim em relação a mim!
-Amada, enviara-me outra mensagem à tarde contando sobre sua
saudade...
-Sim! Naquele momento meu peito gritava tão desesperadamente
a falta tua que necessitei, com minha escrita fazer-te saber.
-E então?
-Foste frio comigo, Martin! Disseste que também sentia
saudade e nada mais...
-E você, meu raio de sol, o que fez em seguida?
-Caí em prantos! Senti que nada mais em mim despertava teu
interesse.
-Oh, como é triste saber que derramastes lágrimas de
tristeza. Venha aqui.
...
- Que abraço acolhedor... Quisera eu tê-lo desfrutado mais
cedo ou por mais vezes no dia de hoje!
-Pois poderia querida. Deixe-me explicar-lhe: Acordei com uma
vontade insuportável de ser cuidado, no dia de hoje. A saudade de ti corroía-me
os ossos, meus ouvidos e olhos sangravam a falta de suas palavras. Ah, como
queria ser hoje o centro de sua atenção. Queria apenas hoje que me procurasse
que me dirigisse à palavra, que me aliviasse a dor. Mas brava e dolorosamente
resisti a meus impulsos. Queria saber se meu desejo seria suprido por teu amor voluntariamente
ou se teria de arrastar-me por isso. Restou-me a segunda opção. Sabe, vida
minha, não reclamarei não a culparei e menos ainda cobrarei de ti alguma postura
diferente da que assumes, só queria que soubesse o motivo de “meu” sumiço. A
única coisa que lhe peço é que observe como expressa seu interesse por mim...
-Compreendo... Mas dizendo isto ignoras todo o amor que sinto
por ti, toda a dedicação que devo a ti. Ignoras que meu pensamento quase não
toma outro rumo que não seja você e que te incluo em tudo o que faço. Parece
que não vês que outro dia passei por cima de todo meu orgulho e vergonha e
desnudei-me para você de diversas maneiras. Ou que comecei a escutar e amar
canções que me lembram de você. Ignoras que se sofro é por ferir-me com
ausência tua ou com tuas palavras rudes, se sorrio é por que penso em algo que
lhe agrade ou simplesmente porque tua imagem se projetou em minha mente
confusa. Nem consigo mais dizer quantas coisas já fiz, já senti, faço e sinto
por você... Querido, meu amor não lhe é suficiente?
-Amada, talvez não tenha de fato compreendido meu ponto. Se
não fosse por tudo o que fazes e sentes por mim eu não teria tão grande
necessidade de ti. És minha vida. Tudo é vazio sem ti. Mas sabes que sou
daqueles que não aguenta não expressar claramente o que sinto por ti. Se me
dói, choro, se me irrito, grito, se me transborda ternura, afogo-lhe com ela.
Bem sei que todas as palavras do mundo são insuficientes para expressar o que sinto,
tudo que eu fizer será pouco para que compreendas ou sintas a grandeza de meu
amor, mas são poucos os recursos que tenho que me fazem ser claro contigo. Me
esforço, mas sou, talvez, mais limitado que você. E infelizmente espero isso
das outras pessoas também. Não é algo que peço para acontecer ou que forço. Eu
simplesmente espero. É tão ruim, é tão triste... Eu sei que ninguém é obrigado
a agir como eu, mas às vezes eu sinto falta... Perdoe-me...
-Martin, meu amor, me perdoe eu...
-Não diga nada, querida. Não peça perdão. Gostaria
simplesmente que me ouvisse e pensasse a respeito. Perdoe-me por agir assim
contigo, por assustar-lhe ou fazer-lhe pensar coisas irreais. Sabe, não é
sempre que isso acontece, para sorte tua, mas talvez sirva de aprendizado, caso
encontres em sua jornada alguém que se assemelhe a mim.
Venha aqui, deite-se em meu peito e vamos admirar as estrelas
como gostas tanto de fazer...
Eu te amo.
Eu te amo.
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