domingo, 5 de janeiro de 2014

Cotidiano 1 - Martin e Adele

-Martin?
-Adele, oh, Adele!
-Quanta exaltação, o que houve?
-Tua voz, Adele. Aquece meu coração e destrói energicamente a dor da saudade que sinto de ti.
-Como ousas falar-me sobre saudade, Martin?
-Porque o dizes?
-Passei todo o dia a pensar em você, a imaginar como estaria e se havia deixado de me amar... Nem sequer ouvi o som de sua respiração, para que assim eu pudesse saber se estava vivo. Como senti saudade, ah, como senti!
-Estive em casa durante todo o dia Adele. Enviei-lhe mensagem de bom dia e...
- E nada mais! Sumiu sem deixar vestígios! Como ousas deixar-me assim, na solidão?
-Adele, todos os dias questiono sobre seu estado, sobre suas atividades, digo-lhe palavras doces, algumas vezes nem tanto, confesso. Mas a procuro todos os dias, querida. O faço com indizível prazer! Não me acuses.
-O fazes sempre, é verdade, mas não o fez hoje. Até respondi tua mensagem de bom dia!
- E depois, amada minha?
- Como assim, depois?
- Que continuidade deu ao diálogo? Interessou-se em saber como eu estava ou sequer o que eu estava fazendo?
-Não, mas imaginei que estivesse com ocupado ou com raiva de mim...
-Adele, o sol já está se retirando. Estaria eu ocupado durante todo este tempo?
-Pois poderia estar com raiva ou qualquer outro sentimento ruim em relação a mim!
-Amada, enviara-me outra mensagem à tarde contando sobre sua saudade...
-Sim! Naquele momento meu peito gritava tão desesperadamente a falta tua que necessitei, com minha escrita fazer-te saber.
-E então?
-Foste frio comigo, Martin! Disseste que também sentia saudade e nada mais...
-E você, meu raio de sol, o que fez em seguida?
-Caí em prantos! Senti que nada mais em mim despertava teu interesse.
-Oh, como é triste saber que derramastes lágrimas de tristeza. Venha aqui.
...
- Que abraço acolhedor... Quisera eu tê-lo desfrutado mais cedo ou por mais vezes no dia de hoje!
-Pois poderia querida. Deixe-me explicar-lhe: Acordei com uma vontade insuportável de ser cuidado, no dia de hoje. A saudade de ti corroía-me os ossos, meus ouvidos e olhos sangravam a falta de suas palavras. Ah, como queria ser hoje o centro de sua atenção. Queria apenas hoje que me procurasse que me dirigisse à palavra, que me aliviasse a dor. Mas brava e dolorosamente resisti a meus impulsos. Queria saber se meu desejo seria suprido por teu amor voluntariamente ou se teria de arrastar-me por isso. Restou-me a segunda opção. Sabe, vida minha, não reclamarei não a culparei e menos ainda cobrarei de ti alguma postura diferente da que assumes, só queria que soubesse o motivo de “meu” sumiço. A única coisa que lhe peço é que observe como expressa seu interesse por mim...
-Compreendo... Mas dizendo isto ignoras todo o amor que sinto por ti, toda a dedicação que devo a ti. Ignoras que meu pensamento quase não toma outro rumo que não seja você e que te incluo em tudo o que faço. Parece que não vês que outro dia passei por cima de todo meu orgulho e vergonha e desnudei-me para você de diversas maneiras. Ou que comecei a escutar e amar canções que me lembram de você. Ignoras que se sofro é por ferir-me com ausência tua ou com tuas palavras rudes, se sorrio é por que penso em algo que lhe agrade ou simplesmente porque tua imagem se projetou em minha mente confusa. Nem consigo mais dizer quantas coisas já fiz, já senti, faço e sinto por você... Querido, meu amor não lhe é suficiente?
-Amada, talvez não tenha de fato compreendido meu ponto. Se não fosse por tudo o que fazes e sentes por mim eu não teria tão grande necessidade de ti. És minha vida. Tudo é vazio sem ti. Mas sabes que sou daqueles que não aguenta não expressar claramente o que sinto por ti. Se me dói, choro, se me irrito, grito, se me transborda ternura, afogo-lhe com ela. Bem sei que todas as palavras do mundo são insuficientes para expressar o que sinto, tudo que eu fizer será pouco para que compreendas ou sintas a grandeza de meu amor, mas são poucos os recursos que tenho que me fazem ser claro contigo. Me esforço, mas sou, talvez, mais limitado que você. E infelizmente espero isso das outras pessoas também. Não é algo que peço para acontecer ou que forço. Eu simplesmente espero. É tão ruim, é tão triste... Eu sei que ninguém é obrigado a agir como eu, mas às vezes eu sinto falta... Perdoe-me...
-Martin, meu amor, me perdoe eu...
-Não diga nada, querida. Não peça perdão. Gostaria simplesmente que me ouvisse e pensasse a respeito. Perdoe-me por agir assim contigo, por assustar-lhe ou fazer-lhe pensar coisas irreais. Sabe, não é sempre que isso acontece, para sorte tua, mas talvez sirva de aprendizado, caso encontres em sua jornada alguém que se assemelhe a mim.
Venha aqui, deite-se em meu peito e vamos admirar as estrelas como gostas tanto de fazer...

Eu te amo. 


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