terça-feira, 5 de março de 2013

Tchau bebê

Chego em casa, tento abrir a porta, trancada. A lâmpada do hall não funciona direito e as chaves estão guardadas em um bolso quase não acessado da mochila. A dificuldade em adentrar aumenta a ansiedade já forte de saber que não será como nos outros dias. Uma das luzes foi deixada acesa, o que dá pra perceber pelo vão da porta. E até isso serve como desculpa pra ganhar tempo. A sensação ambígua de querer entrar e ser surpreendida com algo que já se sabe ser impossível de acontecer e ao mesmo tempo não querer entrar e dar de cara com o vazio. Taquicardia leve. Entrei.
Não há festa
Não há rebolado
Não há sorriso
Não tenho mais que agachar 
Não tem mais rabinho balançando
Não tem mais abraço com choro de saudade.
Não tem mais Mel.
Mas a sensação ambígua permanece. Enquanto digito ainda espero escutar o som de suas patinhas se aproximando e tentando alcançar a cama. Ainda espero que pule em cima do meu rosto quando eu estiver falando ao telefone. Ainda desejo acordar pela manhã com o som da porta sendo arranhada. Ainda quero me preocupar com a "saúde do dedo" de quem te elogia e se aproxima pra te fazer carinho. Ainda espero que seus gemidos e choro desesperado passem e que o calor do meu colo aqueça seu corpinho, curando a dor e fazendo com que seu último suspiro seja apenas um de seus espirros úmidos ao refrescar-se no vento forte vindo dos passeios de carro
.
Mamãe pequena te ama. Obrigada por ter me feito tão feliz.

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