Continuo sentindo um movimento no
colchão, um calor se aproxima. Meu corpo, imóvel, sente-se carinhosamente
tocado por outro corpo. Um instante, e sua vagina encosta-se em meu umbigo,
suas pernas, abraçando meus quadris e cochas, encaixe perfeito. Um
contorcionismo leve e confortável que eu não desempenharia com tamanha
destreza.
Seus braços malabaristas começam
a explorar meu corpo. A vivacidade de suas mãos macias a me aquecer. Acaricia
meu cabelo, aproxima-se dele e o cheira como quem cheira um frasco de seu
perfume predileto. Puxa uma mecha a fim de deixar livre meu pescoço e o cheira.
Docemente suas mãos soltam meu cabelo e começam a dançar por meu rosto.
Sente a aspereza da minha testa,
cheia de espinhas que não partiram com a adolescência, e por causa delas dá uma
risadinha discreta e maliciosa que ao perceber, minha alma se colore. Toca
minhas orelhas, colhendo de meu semblante contente um risinho bobo. Com seus
lábios, beija de levinho minhas bochechas, as quais sinto corar. Encosta com
seu nariz em meus olhos, aquecendo com sua respiração tranquila, minhas
pálpebras. Emoldura meu nariz com as pontas de seus dedos e aproxima sua orelha
de minha boca, pedindo silenciosamente “aquela” mordidinha que nós conhecemos
bem.
É claro que obedeço a seus
comandos, já começando a mover- ainda de olhos fechados- meu corpo em direção
ao seu. Mas não, ela me empurra, prende na cama, e sem reação, me entrego à sua
vontade. Estática, sinto suas mãos deslizando sobre meu corpo, que arrepia de
prazer. Ela toca meus ombros, desliza suas mãos até meus seios e os segura
firmemente por um tempo e em seguida brinca, com as pontas dos dedos,
executando movimentos desordenados. Descendo suas mãos, movimenta-as em direção
à costela e barriga, repetidas vezes, encobrindo com seu calor cada milímetro
da minha pele. Sensação deliciosa!
Ela se diverte me descobre, me
conhece, sente cada detalhe do meu corpo, perfeições e imperfeições. Me
mordisca, belisca, cheira, ouve, dá pequenas lambidas, aperta, bate... Como uma
criança que acaba de ganhar um brinquedo que ainda desconhece o funcionamento,
ainda que sem vê-lo.
Quando enfim aquietou-se, tocando
delicadamente meus pés, parou por um tempo, criando um clima misterioso.
Provavelmente seu rosto voltado para o meu, aguardando por uma única e simples reação
que sentiria rapidamente por meios que talvez eu nunca venha a conhecer. Mas eu
não ousaria abrir os olhos. Deixei-me sentir.
Uma paz e harmonia tão grandes
que já não se ouve mais nada além de nossas respirações, ou às vezes, o pulsar
de nossos corações. Conectadas a ponto de sentir meu corpo, cada átomo
desejando desesperadamente estar em contato com o seu.
Como uma serpente, começa a
arrastar-se por meu corpo, subindo calmamente até encaixar-se em meu colo.
Deita em meu peito, enlaça suas pernas nas minhas, seus braços nos meus e ali,
nossos corpos perfeitamente compatíveis, entrelaçados, repousam.
“Eu amo você”, sussurrei.
Nenhum comentário:
Postar um comentário