sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Sobre ter que ficar

A morte, quando separa o brilho dos olhos e os olhos dos olhares brilhantes, essa dói. É tatuagem e como tatuagem, marca o corpo pra sempre. Mas um dia o corpo se acostuma. Torna-se corpo. Pode ser coberta com outra tatuagem, pode ser removida em procedimento cirúrgico, pode perder a tinta, virar apenas um borrão, mas estará lá. O corpo marcado e preso à aquela marca. Acostuma-se. Vive-se.

A morte entretanto, quando separa corpos dançantes, quando desvia olhares e redireciona sorrisos, essa dói. É escarificação diária. Marca o corpo sem dar tempo de cicatrizar. O corpo rejeita, desequilibra, desorienta. Ela persiste. Existe-se. Resiste-se. Resiste-se?

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